Produção Industrial de Substâncias com Fins Terapêuticos
Bioconversão
A biotecnologia permite a produção
de uma grande variedade de substâncias terapêuticas a grande escala e com
custos reduzidos através de processos de bioconversão.
A bioconversão trata-se de uma técnica que recorre ao auxílio de células ou microrganismos e de um biorreator para a produção de substâncias com aplicações terapêuticas em quantidades industriais, mais favoráveis quer em valor comercial como em qualidade do produto.
Insulina
A insulina, injeção
para administração aos doentes com diabetes mellitus
tipo 1, até à relativamente pouco tempo era
extraída diretamente do
pâncreas dos animais de animais, mas esta fonte da substância tem algumas
desvantagens intrínsecas, tais como a dificuldade de obtenção a grande escala e
o custo elevado, assim como a elevada probabilidade da ocorrência de alergias
no recetor.
Graças à Engenharia
Genética,
foi
desenvolvida a E. coli,
ajudando a superar as desvantagens mencionadas.
Hormonas do Crescimento
Uma hormona que tem sido produzida utilizando técnicas da Engenharia Genética para manipular E. coli ou S. cerevisiae, para posteriormente serem sujeitas a lise para a libertação da hormona.
Antibióticos
Os antibióticos são substâncias terapêuticas feitas a partir de compostos naturais e/ou sintéticos que são utilizados especificamente para tratar infeções bacterianas devido à sua capacidade de impedir o desenvolvimento de organismos detendo a sua reprodução e são, portanto, ineficazes contra outros tipos de infeções (virais, fúngicas, etc.).
Os antibióticos foram descobertos, por acidente, no ano de 1928 por Alexander Fleming, um médico escocês, quando este viu que o fungo do género Penicillium que tinha contaminado as culturas bacterianas que ele estudava as havia destruído.
Ao analisar a substância libertada pelo fungo, a penicilina, Fleming concluiu que a mesma podia ser utilizada nos seres humanos para eliminar as bactérias que os afetassem. Isto, porém, foi complicado de realizar, devido à dificuldade de isolar a penicilina dos meios de cultura, que só foi possível graças ao aparecimento da cromatografia e espetrofotometria.
Atualmente já conseguimos associar o sucesso dos antibióticos na eliminação de bactérias á sua capacidade de inibir a síntese da sua parede celular e de estimular a produção de autolisinas bacterianas. Já conseguimos, então, descobrir e produzir muitos antibióticos para além da penicilina G, obtida naturalmente a partir de Penicillium chrysogenum.
Grande parte da variedade de antibióticos que existe nos dias de hoje resulta da modificação enzimática, de produtos sintetizados de forma artificial ou com o auxílio de certos microrganismos - processo de bioconversão.
Este tipo de substâncias (derivados semissintéticos) têm mostrado propriedades terapêuticas mais eficientes, por exemplo a ampicilina e a amoxicilina, dois tipos de penicilinas semissintéticas formadas pelo método enzimático que atuam sobre uma grande variedade de microrganismos. Estes antibióticos apresentam ainda a vantagem de serem administrados por via oral, por conseguirem resistir num pH mais ácido (como o do estômago).
Assim é muito mais fácil para o doente tomar as doses de antibiótico nas horas devidas e de forma mais fácil e conveniente, não sendo necessário um técnico de saúde para lhe administrar uma injeção, como seria o caso com a penicilina G.
Vitaminas
Moléculas de síntese química extremamente complexa, essenciais para o bom funcionamento do organismo, sendo assim a sua produção por microrganismos muito vantajosa.
Esteróides
A síntese de esteróides,
como a cortisona, é feita por bioconversão
associada à via química e foi descoberta na década de 1930, e tem tido
resultados positivos no combate à artrite reumatoide, por
exemplo. Devido a algumas das etapas da síntese terem passado a ser realizadas
por microrganismos ocorreu uma redução significativa no preço do produto,
graças à redução considerável no número de reações
necessárias.
Vacinas
Um exemplo de uma aplicação utilizada vasta e eficazmente é a da vacina conta a o vírus que causa a hepatite B. É uma vacina recombinante, isto querendo dizer que o gene da proteína presente na cápsula do vírus é colocada em S. cerevisiae, funcionando assim como antigénio para o qual a levedura vai produzir anticorpos. Anteriormente à refinação deste processo, eram necessários cerca de 40 litros de soro humano infetado para produzir uma única dose de vacina contra a hepatite B.